Matéria com Mário da Cunha, Auxiliar de Limpeza

Um vídeo recente:








Eis o fruto de um trabalho da disciplina Reportagem e Pesquisa, com o professor Emanoel Barreto. A pedida era fazer uma entrevista com um "profissional invisível" - embora eles estejam por toda a parte, são pouco valorizados, muitas vezes ignorados e desprezados da sociedade em que estamos. Como exemplo posso citar os garis, empregados domésticos, vigias, entregadores de panfletos, etc.

O meu personagem foi o auxiliar de limpeza. Aqui no Rio Grande do Norte essa profissão é mais conhecida pela sigla ASG - auxiliar de serviços gerais. 

Francisco Mário da Cunha é ASG na empresa em que eu trabalho. Ao receber a pauta, pensei logo nele. Sabia que ele iria gostar da idéia. No dia seguinte, fiz a proposta e ele ficou meio na dúvida, mas acabou aceitando. Começamos a gravar. Ele estava muito tímido no começo, mas após eu optar por uma dinâmica diferente - de entrevistadora passei a "ASG novata", ele ficou mais a vontade, espontâneo. Me passou o serviço, tim-tim por tim-tim. A cada dia, ia no meu local de trabalho perguntar: "Vamos gravar hoje?". Eu ficava muito feliz. Coisas boas estavam sendo proporcionadas a ele e a mim. Experiências novas. Pude captar seus trejeitos engraçados (acho que o vídeo passa bem isso). Conheci um pouco mais da sua vida, que é bem simples, levada com dificuldades mas sem grandes dramas. 
 Uma noite de sábado saímos eu, Alberto (amigo que fez o trabalho comigo), Mário e sua amada esposa Carminha. Nos encontramos em uma pizzaria da cidade, onde conversamos e nos divertimos. Mal "trabalhamos" naquele dia, embora fosse um dos propósitos, heheh. Mas ali pudemos falar sobre outras coisas, novas impressões. Não eram as relações de trabalho. 
Bem, após passar literalmente uma noite inteira editando o vídeo, consegui deixar dentro do tempo estipulado pelo professor. 
No dia da apresentação, mostrei o vídeo a ele, que ficou todo feliz, muitos sorrisos!
O auxiliar de limpeza Francisco Mário da Cunha (Foto: Adriana Brasil)

Em sala de aula, no momento da apresentação, fui toda nervosa colocar o pendrive na máquina. Durante a exibição, estava comovida e orgulhosa assistindo com os meus colegas o vídeo no telão. Lembrei das gravações, em que Mário ficava preocupado, me questionando o que eu achava que o professor iria dizer, se iria gostar e se eu tiraria nota boa. Quanto fiz o convite, a primeira coisa que ele disse foi: "Mas tu acha que eu sou capaz?" Depois, ele já estava bem mais a vontade, e percebi que aquilo, de certa forma foi um resgate do valor pessoal e profissional. 
Bem, acho que é por isso que eu amo o jornalismo. O exercício dessa profissão possibilita essas vivências, que são tão únicas. A cada uma delas, aprendo mais do mundo e da sua gente. E me conheço mais e tornando-me mais sensível também.

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